domingo, 1 de setembro de 2013

Era uma vez...

Era uma vez um garoto chamado João e apelidado pelos pais de Joãozinho. Joãozinho nasceu e cresceu até os 12 anos na roça, junto com seus pais e alguns tios. Joãozinho desde pequeno herdou a paixão que o pai tinha pelo Galo, e sempre que tinha jogo, lá estavam eles, com o radinho de pilha que tinha até um Bombril na antena, sintonizando e escutando o jogo em qualquer estação de rádio AM que transmitisse.

No ano de 2000, os pais de Joãozinho decidiram que era hora de sair da roça, e ir pra cidade, pra que Joãozinho pudesse se dedicar mais aos estudos. A cidade ficava a 150 Quilômetros de BH, pai e filho sonhavam com o dia onde assistiriam um jogo do Galo no estádio, mas até então, as condições financeiras não lhes permitiam. E assim João foi crescendo, e junto com ele sua paixão pelo Galo, que agora ele acompanhava pela televisão de 14 polegadas que os pais conseguiram comprar com muito esforço. Na escola, Joãozinho era um bom aluno, e além de se dedicar aos estudos, gostava muito de jogar futebol, era fã de jogadores como Zidane, Rivaldo, Rui Costa, Davids, mas em seu aniversário de 13 anos, ele pediu para o pai uma camisa do Marques que até 2012 tinha infernizado os zagueiros dos adversários do Galo e se tornou ídolo de todos os atleticanos. Sim mesmo para Joãozinho, o pior jogador do Galo era melhor que qualquer supercraque da Europa, não pelo nível do futebol, mas pelo escudo que eles carregavam no peito.

Porém a vida de Joãozinho na escola não seria fácil nos próximos anos, com o título do time rival em 2003, e com as horríveis campanhas do Galo em 2004 quando quase caiu e em 2005 quando foi rebaixado, Joãozinho sofria com as zuações de seus colegas de escola, principalmente de sua colega Mariazinha, que vivia na vaidade dos títulos  Mas Joãozinho, aprendeu algo muito importante em 2005, ao escutar pela rádio, o jogo contra o Vasco que culminou no inédito rebaixamento, Joãozinho escutou o estádio inteiro cantando o hino, e provando que o amor que um atleticano sente pelo Clube Atlético Mineiro, é algo muito além de títulos, é algo inexplicável, onde apenas que é Atleticano, sabe que nenhuma loucura é maior do que ser atleticano, pois a paixão que move essa torcida, é capaz de empurrar esse time em qualquer lugar que esteja.

Então Joãozinho acompanhou cada jogo da série B, terças, quintas, sextas, sábados, não importava o dia, lá estava Joãozinho, no rádio escutando, torcendo e comemorando o título da série B e pedindo ao pai uma camisa do Marinho. E o tempo foi passando, e mesmo com campanhas medianas do Galo Joãozinho nunca perdeu a fé, nunca desistiu de torcer pelo time, enquanto Mariazinha cada vez menos falava de futebol. Na falta de assunto, até de vôlei ela falava, na tentativa de se gabar, mas Joãozinho seguia lá, firme e forte vendo todos os jogos do Galo, e a cada ano dizendo: “ano que vem vai ser melhor, ano que vem vai ser o ano do Galo”.

Após se formar na escola, Joãozinho foi para faculdade, onde mais uma vez, passou a angústia de ver seu time quase ser rebaixado e ainda tomar uma goleada histórica de seu rival, (algo que pode ser considerado como último título do rival). Joãozinho mais uma vez, sofrendo com piadinhas dos rivais, seguiu na esperança, seguiu dizendo “ano que vem vai ser diferente, vocês vão ver”.

E dessa vez Joãozinho tinha razão, o ano era 2012, e ele viu o Atlético ter um elenco como há muito anos não se via, um goleiro de seleção, uma zaga de seleção, laterais de alto nível, 2 volantes que não deixam passar nem gota de chuva no meio-campo, um meio campo que contava com Ronaldinho Gaúcho, um craque do nível daqueles de quem Joãozinho um dia foi fã, e um ataque com jogadores de seleção. Cuca e Kalil montaram um Galo de pôr inveja em qualquer time do Brasil, principalmente no time da Mariazinha. De 2012, levaram o título mineiro e o vice campeonato brasileiro.

Joãozinho sabia que vinha mais coisa boa por ai, doismilegalo também conhecido como 2013 estava chegando, e com a manutenção do elenco e a chegada de reforços, o Galo se consolidava como um dos times mais fortes do Brasil e da América. E então veio mais um campeonato mineiro pra nossa longa conta, e o tão esperado e merecido título da Libertadores.

E então Joãozinho se lembro de tudo que já viveu, de sua longa e incrível história de amor com o Galo, e nesse momento ele percebeu algo incrível, que foi perceber que mesmo com o título da Libertadores, ele continua o mesmo atleticano de sempre, um pouco mais feliz pela fase boa do time, mas simplesmente o mesmo Atleticano fanático que ele sempre foi.

E então se lembrou, do sonho que ele e seu pai compartilham juntos, de assistir um jogo no estádio, e ai, Joãozinho decidiu que ao se formar e arrumar um emprego, seu primeiro salário seria destinado a ir ao estádio com o pai assistir um jogo.

Joãozinho sabe, que até lá, o Galo poderá passar por momentos melhores que o atual, ou passar por um mal momento, mas Joãozinho está tranquilo, pois sabe que sua paixão pelo Galo, permanecerá a mesma!




Leandro Figueiredo
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