quinta-feira, 15 de março de 2012

Separando homens de meninos

Sou torcedor do grandioso Clube Atlético Mineiro, desde meu retorno ao Brasil em 1987, aos 11 anos de idade. Nasci em São Paulo, e por viradas do destino fomos morar no Congo, África. Na época do meu retorno, o Campeonato Brasileiro ainda era disputado no sistema de mata-mata e tinha apenas seis meses de duração, e os estaduais ocupavam o primeiro semestre do ano.

Me lembro que naquele campeonato, vi pela primeira vez acontecer algo que me deixou extremamente triste, o Galo perdeu para o Flamengo por 3 x 2 em pleno Mineirão e não foi a final daquele Campeonato Brasileiro, porém perdia por 2 x 0 e empatou o jogo em 2 x 2, vendeu caro a derrota, se fosse a final, tinha time pra ser campeão, pra encarar qualquer time frente a frente na disputa daquele título.

Anos vieram e foram, ganhamos diversos Campeonatos Mineiros, o Galo a maioria das vezes se classificava para a segunda fase do Brasileiro, mas sempre fazia a mesma coisa, caia perante os clubes sejam de igual ou menor expressão. Estivesse o Galo com um time de limitados guerreiros, ou com excelentes times do goleiro ao ponta esquerda, parecia que no momento da decisão o time se esquecia de ser o Galo Forte e Vingador,o time da virada, o time do amor, e em vários jogos se apagava. Foram 14 semifinais e apenas um título, salvo o time de 77, que foi injustiçado por um regulamento ridículo, que permitiu um time invicto ser vice-campeão, e pelo time de 1999, que era formado por diversos craques e guerreiros dentro de campo, vários times do Galo se esquecendo de sua identidade, deixou de avançar para finais e conquistar títulos que nos trariam imensa alegria.

Em 1989 foi criada então a Copa do Brasil, torneio para o qual a maioria dos clubes dedicava pouca importância, até verem os modestos Criciúma, Santo André, Paulista de Jundaí e Juventude-RS conquistarem vagas na cobiçada Copa Libertadores. Os clubes então passaram, em minha opinião a partir de 2004/2005 dedicarem mais seus elencos e sua atenção para a Copa do Brasil, que antes era um torneio de fundo. Neste em 23 participações, o Galo chegou em apenas 2 semifinais, perdendo para Brasiliense em uma das mais dolorosas eliminações, entre diversas eliminações para times de baixa expressão. O Atlético é um dos recordistas em participações, e não tem nenhum título.
Acho que a diferença do Galo de 71, do Galo de 99, e de alguns outros times que tivemos é que até 1991 o Galo sempre chegava as disputas, como um dos favoritos ao título, pois tinha não apenas atletas, mais homens como Dario, Grapete, Vantuir, Beto bom de Bola, Humberto Ramos, Guilherme, Zanata, Marques, João Leite, Paulo Roberto Prestes, Cleber. Éder, Reinaldo, Cerezo, Luizinho, Campos,Digo Tardelli, entre vários outros craques, e que não apenas jogavam bola, iam para uma batalha, vendiam caro cada derrota, formavam o chamado time chato, time de garra, de coração, que se tomassem uma porrada de um adversário devolveriam duas.

O que mais me entristece na atual geração tanto de atletas quanto de alguns torcedores, é o contentamento com pouco. Nada vai mudar enquanto continuarmos desrespeitando nossa história e trazendo Diegos Souzas da vida, que nunca teve nem nunca terá o perfil de jogador do Galo, enquanto continuarmos chorando a saída do Daniel Carvalho, que é sim um bom jogador mas que não quer correr e só gostava de bola no pé, e nunca entrava em forma, ou contratar Jóbsons da vida, que tem talento mas não são atletas, nem homens, são meninos. Pra jogar aqui tem que dar a vida pelo resultado, tem que correr 90 minutos, tem se jogar na grama, tem que dar 100%, tem que achar ar aos 98 do segundo tempo pra dar um pique, tem que amar jogar futebol mais que sua conta bancária. Tendo talento aliado a isto tudo, melhor ainda, mas pra vestir a camisa do Galo, só talento não basta. Precisamos de Homens em campo, não meninos, não em termos de idade, mas de comportamento, dentro e fora de campo.

Realmente gostaria que esta coluna fosse lida por alguns membros da diretoria, é claro que não há fórmula mágica pra saber se um jogador vai ou não vingar, mas acredito que ter o perfil certo, é um ótimo começo. Enquanto não tivermos não um time, mas um elenco de 11 homens em campo, e mais um no banco treinando eles, aí sim iremos parar de ser eliminados por Gremios Barueris, São Caetanos, Santos Andrés da vida,iremos voltar a encarar qulquer que seja o adversário de igual para igual, e retorno do Galo a grandeza será uma mera questão de tempo, nossos tão ansiados grandes títulos serão só uma questão de tempo, teremos a volta do nosso amado Galo Forte e Vingador.




Bruno Andrade

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