quinta-feira, 27 de outubro de 2011

É possível responder?

Como explicar o inexplicável? É com essa pergunta que inicio a crônica de hoje aqui no blog. E, provavelmente, será com ela que eu também irei finalizá-la.
O que, não apenas eu, mas muitos de nós procuramos explicar, nem Freud explica. Qual a razão de uma nação de cerca de 8 milhões de pessoas ainda acreditar que, um dia, o gigante adormecido irá acordar para a realidade e voltar a disputar títulos importante, tanto dentro quanto fora do país? A resposta não é tão simples. Está guardada em algum lugar à sete chaves.

Como explicar uma multidão de 50 mil pessoas aplaudindo de pé um time que acabara de ser rebaixado pela primeira vez em sua história, cantando à plenos pulmões o hino do clube? Idiotice? Alguns acham que sim, outros acreditam que era apenas uma prévia do que estava por vir no ano seguinte, onde a torcida mostrou todo seu apoio, carregando a instituição Clube Atlético Mineiro para onde nunca deveria ter saído: da elite, do grupo dos melhores. E nós sabemos que ainda é pouco, se levarmos em conta a gloriosa história de 103 anos que acompanha o clube. Jogadores passam, gols são feitos e ficam para a história, mas o amor pelo Galo é eterno, mesmo que, algum dia, um torcedor de cabeça quente solte a frase "Hoje eu rasgo e coloco fogo na camisa deste time ridículo!". Sabe-se lá Deus como, no mesmo momento de nervosia, uma voz surge em sua consciência e diz: "O time pode ser ridículo. Mas, e o clube? E os outros torcedores? São ridículos também?".

Por mais que estejamos passando por um momento difícil (que não é de hoje, claro), devemos nos lembrar das glórias e alegrias, que tenho certeza de que não foram poucas, que já passamos vendo aquela camisa preta e branca se movimentar em campo no corpo dos jogadores. Tenho certeza de que os gritos de "Reinaldo é nosso rei", "Olê Marques", "Tardelli gol gol", dentre outros, estarão mais presentes da memória do que as vaias já entoadas nos estádios. Tem como esquecer a torcida fazendo a festa no Mineirão, em 1999, naqueles 3 x 0 aplicados em cima do Flamengo, com três gols do ídolo Guilherme? Inesquecível "Urubu otário, quem tem Guilherme não precisa de Romário!". A paixão por esse clube é uma coisa que não se explica.

Por isso, quero fugir um pouco da boa temática que adotei até aqui para comentar uma das maiores baboseiras já ditas pelo ser humano. A famosa frase "A torcida tem o time que merece" é a coisa mais sem sentido que já ouvi. O sentimento da torcida é, ora passado pelos jogadores que estão em campo, ora passado para os jogadores. Qual é o time que uma nação que apoiou a equipe na segunda divisão merece? A culpa do rebaixamento foi da torcida? A culpa da atual má fase é da torcida? Nós, que pagamos ingresso, seja R$5 ou R$50, temos o direito sim de cobrar. Apoio incondicional para jogador que não faz questão de mostrar vontade e/ou futebol? Isso sim é a mencionada idiotice do início do texto.

Mas vamos voltar a falar da verdadeira massa alvinegra, detentora de vários e vários recordes de público no Brasil. O maior número de pagantes já registrado no Mineirão foi num Atlético x Santos. Mais de 120mil pagaram ingressos para ver a magra vitória de 1 x 0 do Galo, na década de 80. Quem não se lembra das "invasões" provocadas pela torcida em Santo André, em 2006, e Maracanã, contra o Corinthians, em 1999?

Desafio alguém a responder as perguntas do saudoso Roberto Drumond: "Que mistério tem o Atlético que às vezes parece que ele é gente?" "Que mistério tem o Atlético que a gene confunde com uma religião?". Termino, assim, o texto. Cheio de interrogações? (Mais uma!). Sim. Mas muitas não tem respostas. Está lançado o desafio.




Daniel Michelini
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