quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Forma física x talento

Queridos leitores, devido ao meu trabalho em escalas, não estou acompanhando como gostaria os jogos do nosso Glorioso Galo no brasileirão, porém tive a oportunidade de assistir nossa última vitória sobre o Fluminense pelo alinhamento de folgas, escalas, planetas, luas, astros e o principal, o descanso deste colunista.

Ao ver a atuação destacada do Daniel Carvalho, me lembrei que algumas partidas antes de se contundir, ele tirou a camisa ao sair campo para o intervalo e exibiu uma leve barriga em sua caminhada até os vestiários. Não está na mesma forma de diversos outros atletas de alta performance do futebol, porém teve uma performance de alto nível, foi decisivo e chegou à seleção da rodada. Sua briga com a balança já lhe custou lugar entre os relacionados, e até mesmo recentemente ele teve que pedir outra chance no elenco, dizendo que gostaria de provar seu valor, e assim vem provando.
    
Confesso que já não tinha esperança de vê-lo fazer boas partidas no Galo, assim como grande parte da torcida, porém todos nós hoje em dia lamentamos sua ausência na equipe. No início do ano Dorival Junior não o escalou para a final do Mineiro e naquela oportunidade apesar de minha desconfiança, achei por sua experiência, precisão e talento nas bolas paradas, poderia ter sido aproveitado na partida no lugar talvez do ineficiente Giovanni Augusto ou do jovem Leleu.

Nos últimos anos o futebol ficou muito mais veloz, exige que os homens de frente marquem as defesas adversárias e exige cada vez mais atletas, e não apenas jogadores, porém pode a forma física compensar a ausência de talento?

Vamos a alguns exemplos. Lembro-me em 1994 e 1995 do “Dr. Eu não me engano, Éder Aleixo é atleticano” já em fim de carreira, exibindo um físico mais compatível com o de um Judoca do que com o de um atleta da bola, fazer lançamentos que nunca mais vi outro com a camisa alvinegra fazer igual. Ele não era o mais veloz do time, mas sua patada de esquerda e sua precisão associada a sua experiência, lhe faziam um atleta ímpar naquele time do Galo. Enchia os olhos ver o Bomba de Vespaziano, e sua amizade com a bola. Um craque, um jogador diferenciado, um exímio batedor de faltas que aterrorizava os goleiros com seus petardos, e dono de uma barriga que se via igual em vários torcedores da arquibancada.

Outro que teve uma passagem apagada pelo nosso galo, mas que sempre foi artilheiro por onde passou, e nunca abandonou seu segundo queixo foi o atacante Evair. Homem de área talentoso, dava passes incríveis e marcava gols como poucos, nunca o vi sem ter um leve papo abaixo do queixo, nunca o vi sem marcar gols, no Galo foram 8 em 9 partidas, apesar da passagem apagada.
   
Temos ainda mais recentemente o ídolo do Tetra nos Estados Unidos, Romário. Em sua volta para o Brasil freqüentemente ficava ausente de treino, freqüentemente tratava bem a bola. Apesar de ter diversas fases ruins, me aponte um torcedor que diga “Não queria Romário no meu time!”, que te aponto um mentiroso. Me lembro do Romário assumir em sua época de Vasco que não gostava de treina e de ter privilégios em treinos. Me lembro mais ainda de Romário fazer gols.

O exemplo mais recente que acompanhamos foi Ronaldo, mesmo em 2002 com problemas para jogar 90 minutos, foi decisivo na conquista da copa do Japão, e em seu retorno ao Brasil para jogar no Corinthians, foi decisivo na conquista do Campeonato Paulista com dois golaços, e com uma barriga que nunca tive igual. Seu único erro em minha opinião foi demorar a aceitar que sua carreira tinha acabado, mas sempre que estava em campo, gordo ou magro, era um perigo com as bola nos pés.

Hoje temos o nosso atleta acima do peso que vem fazendo diferença, Daniel Carvalho. Quem sente falta do apagado Giovanni Augusto? Do Renan Oliveira, nosso garoto craque de lampejos? Dos outros meias que recentemente passaram pelo galo? Temos o nosso meia acima do peso que faz a diferença com seus lançamentos e com suas bolas paradas.

Que os treinadores do futebol moderno aprendam que uma academia não faz talento. Que deixem os atletas prontos para cada batalha de 90 e aprendam que talento é talento, ou se tem ou não tem. 









Bruno Andrade
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Comentários
1 Comentários

1 comentários:

  1. O time demorou muito para se recuperar. Ainda bem que foi a tempo. Espero que mantenham a sequência de bons resultados para garantirmos a permanência na série A.

    E realmente forma física nunca foi sinônimo de talento. No entanto, também faz a diferença.

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